Olá amigos oficineiros e visitantes deste blog,
finalmente terminei a minha parte. Seleção e transcrição das músicas a serem tocadas no Círio deste ano. Separei 7 músicas ao todo, mas ainda precisam ser cifradas. Até o momento a relação é a seguinte:
- Lírio Mimoso (Euclides Farias)
- Maria de Nazaré (Pe. Zezinho)
- Virgem de Nazaré (L: Ermelinda de Almeida / M: Pe. Vitalino Vari)
- Senhora da Berlinda (Pe. Antônio Maria Borges)
- Ave Maria (Gounod)
- Ave Maria (Schubert)
- Ave Maria no Morro (Herivelto Martins)
clique no botão abaixo para ir até a pasta virtual e fazer o download dos arqruivos.
enquanto as partituras não ficam prontas, siga estes links com informações adicionais e curiosidades sobre o Círio.
Lenda da imagem da Senhora de Nazaré
- na vila de Nazaré (Portugal) -
São José, sendo carpinteiro, terá um dia esculpido, no Oriente, a imagem da Senhora de Nazaré, na presença da Mãe de Cristo. Essa imagem terá sido guardada no Mosteiro de Cauliniana, em Mérida. Com a derrota dos cristãos em Guadalete, o rei godo D. Rodrigo refugiou-se no mosteiro. Perante o avanço islâmico, o rei e Fr. Romano, um dos monges ali residentes, decidiram partir para lugar seguro, levando consigo a pequena imagem de Maria e um cofre contendo uma caixa com relíquias e um relato das circunstâncias da fuga. Chegaram em Novembro de 714 ao monte de São Bartolomeu, em Portugal, nas proximidades da actual Nazaré. O monarca e o monge separaram-se, tendo o primeiro permanecido no local e o segundo levado o ícone e as relíquias para um monte vizinho. Aí, Fr. Romano, para se abrigar, construiu um pequeno nicho entre os rochedos. Com a sua morte e a partida de D. Rodrigo para norte, a imagem ficou esquecida na pequena lapa construída pelo monge, no actual promontório do Sítio (Nazaré).
D. Fuas Roupinho terá descoberto a imagem naquele sítio, no século XII, passando a venerá-la sempre que ia para ali caçar. Em 8 de Setembro de 1182, num dia de névoa, o cavaleiro terá sido atraído por um veado em direcção ao abismo do promontório. No momento em que o cavalo chegava ao extremo do rochedo, prestes a lançar-se no precipício, D. Fuas teria evocado a Virgem, lembrando a sua Imagem, depositada ali próximo. Imediatamente o cavalo estacou a sua marcha e, por milagre, D. Fuas salvou- se. Em sinal de agradecimento, D. Fuas, que também era cavaleiro, alcaide de Porto de Mós e almirante de D. Afonso Henriques, doou aquele território à Senhora de Nazaré e mandou ali edificar uma ermida. Atraídos pela fama do milagre vieram os primeiros romeiros, entre os quais o primeiro rei português e os principais nobres da sua corte.
Esta versão foi contada a primeira vez nos finais do século XVI, pelo cronista Frei Bernardo de Brito, monge Bernardo de Alcobaça. Acautelando a reserva histórica desta narrativa, estamos, no mínimo, perante uma das mais belas lendas portuguesas de todos os tempos.
*Fontes:
- ALAO, Manuel de Brito, "Antiguidade da sagrada imagem de Nossa S. de Nazareth", 1628;
- PENTEADO, Pedro (Mestre em História Moderna. Técnico Superior dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo. Responsável pelo tratamento documental do arquivo histórico da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré), "A construção da memória nos centros de peregrinação", Communio.
A ermida do Sítio é, também, conhecida pela Capela da Memória e pode ser visitada em Portugal, na vila da Nazaré, distrito de Leiria, onde também foi construído, mais recentemente, o imponente Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. Tem festa anual no dia 8 de Setembro.
"D. Fuas Roupinho foi o primeiro visado (1182) pela protecção da Virgem naquele local; alguns monarcas portugueses tinham-lhe especial devoção (p.ex., D. Afonso Henriques, D. Fernando, D. João II e D. Manuel) e Vasco da Gama esteve nele antes e depois da sua primeira viagem à Índia." (LAROUSSE, Nova Enciclopédia, Vol. 16, Círc. Leitores, Maio 1998)
- em Belém do Pará (Brasil) -
A introdução da devoção à Senhora da Nazaré, no Pará, foi feita pelos padres jesuítas portugueses, no século XVII. A tradição relata que, em 1700, Plácido, um caboclo descendente de portugueses, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área correspondente, hoje, aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena estátua de Nossa Senhora da Nazaré. Essa imagem, uma réplica da que se encontra em Portugal, entalhada em madeira com aproximadamente 28 cm de altura, encontrava-se entre pedras lodosas e bastante deteriorada pelo tempo e pelos elementos. Plácido levou a imagem consigo para casa, onde tendo-a limpo, improvisou um altar. De acordo com a tradição local, a imagem retornou inexplicavelmente ao lugar do achado por diversas ocasiões até que, interpretando o facto como um sinal divino, o caboclo decidiu erguer às próprias custas uma pequena ermida no local, como sinal de devoção. A divulgação do milagre da imagem santa atraiu a atenção dos habitantes da região, que passaram a acorrer à capela, para render-lhe homenagem. A atenção do então governador da Capitania, Francisco da Silva Coutinho, também foi atraída à época, tendo este determinado a remoção da imagem para a Capela do Palácio da Cidade, em Belém. Não obstante ser mantida sob a guarda do Palácio, a imagem novamente desapareceu, para ressurgir em seu nicho na capela. Desse modo, a devoção adquiriu carácter oficial, erguendo-se actualmente, no lugar da primitiva ermida, uma capela, a sumptuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Actualmente, as manifestações de devoção profanas e religiosas estendem-se por quinze dias, durante a chamada quadra Nazarena. A Procissão do Círio reúne centenas de milhares de fiéis, num cortejo de cerca de quatro horas de duração, percorrendo uma distância de cerca de cinco quilómetros entre a Catedral Metropolitana e a Basílica de Nazaré. A festa anual, conhecida pelo nome Círio de Nazaré, é realizada no segundo domingo de Outubro.